Foste o meu café doce das quentes manhãs onde o meu sorriso era a nossa maior força, foste o meu traje preferido e o meu mais delicado acessório. Daí te teres tornado no meu doce vício, quente vício, delicado vício... Foste tão dono de mim que agora, mesmo não me tocando nem vendo, ainda possuís a capacidade de me controlar. Talvez nunca mais voltarás a ler as nossas cartas de despedida e provavelmente a nossa fotografia já não consta na tua mesinha de cabeceira – creio que se tenha tornado num resto de cozinha ou alguma espécie de resíduo desnecessário que resultou da actividade aí em tua casa, ou então, já estaria tão coberta de pó e sujidade que despediste-te dela numa fracção de segundos. Sabes quando mais me lembro de ti? Quando acordo e deparo-me com a triste situação de “não existirem motivos para acordar”; foste a minha maior motivação, foste o meu despertar, a minha rotina.
Deixa acalmar a tormenta, recorda-te que vícios são difíceis de largar e por mais que o tempo passe e te convenças de que estarás a seguir com a tua vida em frente, o vício seguirá sempre o mesmo caminho que tu até se cruzar contigo ao virar da rua e... perderás a razão!
O doce e quente café tórrido da manhã metamorfoseou-se num amargo e gélido, daí eu largar este transtornante vício dia para dia; é como libertar-me de ti...