Descobri que o que mais precisamos aparece quando menos esperamos, que o que nos irá proporcionar os melhores dias das nossas vidas aparece quando tem de aparecer, sem pressas, com uma vontade enorme, ainda que subtil, de embelezar o nosso percurso, seguir os nossos passos e dar-nos a mão em todos os momentos. Descobri que os melhores dias das nossas vidas não têm de ser, obrigatoriamente, repletos de bens que nos transmitem a sensação de poder e excentricidade… que se enganem os que se iludem por estas ideias deformadas de felicidade. Não é que o tenha descoberto agora, apenas lhe passo a dar alguma importância.
Hoje modero a escrita, hoje penso que os travões existem por alguma razão e que nem é mau de todo diminuir a velocidade e acalmar esta onda. Hoje sei que o tempo está do meu lado - apesar de todas as nossas divergências que me fizeram explodir com tanta raiva, apesar de me trocar sempre as voltas e atravessar-se no meu caminho sempre muito senhor do seu nariz – mas hoje fizemos tréguas e cheira-me que por muito tempo. Descubro hoje que com toda esta minha lentidão e tranquilidade, o tempo passou a voar e eu nem sequer me dei ao trabalho de discutir, ora não fossem estes últimos tempos os melhores da minha vida. Pois é, isto de andar acompanhado torna o nosso pequenino tempo rápido mas bastante enriquecido.
Eu não me importo de partilhar o meu tempo contigo, de dividir o meu quadrado de chocolate ou até ficar à porta à espera que a tua vaidade termine, pois sei que logo de seguida te encostarás a mim e me farás rasgar um sorriso daqueles que se me perguntassem o porquê dele eu nem saberia descrever. Sentir é isto: não se importar com o passar do tempo e não conseguir arranjar palavras que transmitam o sentimento. Sentir é isto, somos nós, todos os dias.
Sabes há quantos minutos estou a retratar-me? Melhor dizendo, retratar-nos. Que agora fazes parte de todos os meus retratos e os embelezas com essa tua doce e apaixonada face. Nem eu sei há quanto tempo estou nisto, mas nem me importo, o tempo agora é tão mais nosso.
Eu sou tão mais tua a cada dia que passa e tu és tão mais meu de igual modo e fazes-me gostar de tudo em ti, até mesmo do teu modo mais implicativo que me faz roer as unhas e revirar olhares. Tu, que me ensinaste a usar os travões, fazes-me (re)ver que gostar é conhecer cada detalhe que, à vista desarmada, não teria qualquer importância. Sei que quando entramos num café te diriges ao balcão e pedes um café acompanhado por um copo de água e pagas no acto e só de seguida te vens sentar ao meu lado, que quando nos despedimos dás-me sempre um beijinho na testa, que tens que fechar a janela do quarto se o gato andar à solta e que devoras ferrero rocher exactamente como eu. E qual é a importância de eu saber isto? Sei que me percebes a cada olhar e que me transmites sinceridade em todos os teus actos. É tão mais fácil gostar quando se conhece detalhadamente e quando se confia e eu a ti, meu Peter Pan, confio-te os meus segredos e o meu lado lunar, dou-te o melhor de mim e sei que recebo todos os dias o melhor de ti. Que se há certeza que sinto agora é que eu precisava de ti há muito tempo e só não sabia quando iria ser o meu, e o teu, dia de sorte. Esta certeza que sinto agora é a de que somos, todos os dias, um só, cobertos por um sentimento que, eu nem sei… Fugiram as palavras. Não importa!
1 comentário:
Como eu te percebo :D
Lindo!
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