terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu sei lá

Alguém que me diga o que é a saudade. Alguém que me explique o que é sentir o vazio em algo que nos foi retirado das mãos que, de facto, eu não sei.
Eu sei lá há quantos dias não choro de rir por cantar sem parar, não sinto um abraço apertado, não tenho alguém a seguir-me os passos, lado a lado.
Eu sei lá o que vai na cabeça do Homem quando sente saudade e orgulho, paixão e ambição, tristeza e vontade.
Eu sei lá quem inventou este sentimento melancólico que nos faz recuar no tempo em vez de nos inclinarmos para a frente rumo ao futuro.
Eu sei lá o que nos passa pela cabeça quando desejamos negar que, de facto, não possuímos qualquer sentimento de culpa.
Eu sei lá o que se sente quando a saudade se mata com um olhar, eu sei lá o que é esconder a cara.
Eu sei lá sentir. Deixei de saber.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Never again


"You cool your bedwarm hands down on the broken radiator and when you lay them freezing on me, I mumble "can you wake me later?". But I don't really want you to stop and you know it so it doesn't stop you. You run your hands from my neck to my chest."

Foi a última vez que chorei por ti. A última vez que deixei os meus impulsos falarem mais alto que a minha mente assim que te vi a passear por entre os meus instintos, doces instintos, maldosos instintos, digamos. Foi a última vez que me lastimei por ti, que deixei que te apoderasses mais uma vez dos meus poderes – super poderes, diga-se de passagem, que se há algo que me ensinaste noutra vida foi a ser uma super mulher.
Não é que eu queira receber alguma atenção de tua parte, alguma pitada de importância que me estimule o ego e que me rasgue um sorriso na cara - "because nobody knows it but I've got a secret smile and I use it only for you"- mas seria generoso de ambas as partes tornar as nossas belas palavras seguidas de uma certa cumplicidade em actos. Não sei se te lembras de como se fazia, mas eu relembro-te. Podes nem saber fazê-lo, eu ensino-te. Afinal de contas, eu necessito da tua pequenina atenção para me alegrar o dia, não é que a queira, apenas preciso.
Preciso-te porque ainda me prendes. Ainda me deixas um bichinho de preocupação sempre que algo te acontece e eu mergulho na ignorância de não ser capaz de te suportar a alma por não saber o que sobreveio. Preciso-te porque tenho que te compreender. É uma obrigação minha saber ler-te nas entrelinhas e compreender todos os teus actos por muito que não concorde com eles. Uma obrigação estipulada nas nossas águas passadas que, essas sim, juramos permanecer. Não sei se te lembras, mas eu relembro-te. Eu sou a tua pequenina de coração, a tua fiel companheira que te dará o que de melhor a vida proporciona. E tu és o meu porto seguro, o meu local de abrigo, a minha pitada de confiança, o refúgio dos meus segredos. Preciso-te porque tenho que te contar os meus detalhes, o meu dia-a-dia, os meus desabafos e pensamentos, a noite de copos que tive na semana passada ou até mesmo o facto de ter deixado cair uma televisão ao chão que, de facto, não tem qualquer importância.
Mas foi a última vez que derramei uma lágrima por ti. Melhor dizendo, por mim. Por deixar que me faças sentir culpada, por permitir que abuses de mim mais uma vez para saíres vitorioso de algo que não possui qualquer troféu ou prémio de consolação. Tu tens duas faces, uma que delicia qualquer um que passe por ti, e outra terrível, maldosa, difícil de vir ao topo porque se esconde por detrás de delicadas palavras que tanto usas para embelezar o que, às vezes, já nem é preciso. Uma face que me faz trincar o lábio, roer as unhas, bater o pé no chão e derramar lágrimas do tal estado que me provocas. A face que parece ter perdido toda a paciência que lhe enchia o saco e que têm uma pitada de estupidez repleta de estúpidas palavras que formas estúpidas frases que, por sua vez, tornam um diálogo extremamente estúpido.
A tua sorte – ou se calhar nem é sorte nenhuma – é tu seres o meu retrato preferido e me teres ensinado a ser uma super mulher e que, super mulheres, não choram por quem lhes invade a alma quando lhes apetece. Super mulheres guardam o melhor dentro de si, e eu estou repleta de tranquilidade e firmeza. 
Há uma primeira vez para tudo, e uma última.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

hoje custa


Hoje custa sair de casa, pisar o chão e sentir a gélida brisa que corre. Custa querer e não conseguir, sonhar e não ter, falar e não perceber. Hoje custam as palavras, custa senti-las e proferi-las. Hoje custa escrever.