quarta-feira, 30 de julho de 2008

(re)contar

"E o vento continua a correr, a uma velocidade impossível de calcular e é impossível perceber a sua existência. E, sentada, naquele banco de jardim, com ele a sentir bater na suposta "cara quente", é ele que revoluciona os antepassados. Quantas e quantas lágrimas já terão sido lá derramadas, sem qualquer motivo ou simplesmente, por causa de um falso esquecimento. Quando o sol se põe, já o vento não consegue manter a sua agradável temperatura. É aí que a cara gela. É como aqueles contos infantis, onde por vezes o tempo pára quando lhe apetece, mas a história prossegue sempre. O tempo pára." Eu gostava de perceber porquê que eu gosto tanto de escrever sobre o meu passado ou sobre os meus sentimentos, sinceramente nunca dei conta da quantidade de vezes que já escrevi sobre a minha vida. Deixa-me dar a volta a isto e tentar contar uma história não minha. "Continuo naquele banco de jardim, sentada. Já não há possível ruído, a não ser o som das corujas ou das folhas, quando o vento lhes passa por cima. Há um profundo silêncio naquele local, o silêncio da noite invadiu o local mais movimentado à luz do dia, incrível. Sente-se uma calma imensa que eu sou incapaz de a conseguir descrever. Não há forma do sono se apoderar de mim, nada me consegue fazer mover. Já não existem lágrimas derramadas, já é um começo. Ainda me questiono sobre as minhas atitudes, os meus gestos, a minha personalidade. As certezas desaparecem, parece que o silêncio da noite também as cobriu de dúvidas, são só palavras soltas agora. Digo porquê isto, porquê aquilo mas nunca consigo obter resposta. Oh vento, ajuda-me. e pergunto também "porque razão estou eu aqui sozinha, no meio do nada, a questionar-me, se não tenho ninguém capaz o suficiente para me responder ? " pois, acabei por fazer outra pergunta, mas que parvoíce. Calma calma, o vento está a tentar transmitir algo, está a tentar ajudar-me. Olha, era só impressão minha. As horas passam, parece que finalmente o sono chegou. Quando estava eu mesmo, mesmo a fechar os olhos, quase a desligar-me do mundo, ouço algo. É de estranhar... Vejo um vulto a caminhar em minha direcção, fico imóvel. É a pessoa do meu suposto falso esquecimento, mas que coincidência, penso eu. Com um incrível à vontade ele senta-se, mas nem uma palavra pronuncia. Como é que eu seria capaz de estar acordada assim ? Mas é óbvio que voltei a adormecer. E o resto ? O resto prefiro guardar para mim, é que foi tão bonito, tão sentido, que não sou capaz de dizer simplesmente uma palavra. " Mas será que só consigo falar de mim ou estarei eu a caracterizar alguém ?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

crescimento

É algo sem definição. Quais dicionários ou enciclopédias ou até mesmo, filósofos formados nos melhores colégios. Cada um exprime a sua opinião, cada um a divulga, pensando ser a definição mais correcta, a que mais se adapta. Ainda há aqueles que acreditam nas definições imprimidas numa folha de papel do livrito da escola. Mas afinal, haverá alguém neste mundo capaz de a caracterizar da melhor forma? Haverá alguém que tenha a decência de provar que os sentimentos não se definam por palavras, não têm definição ? o problema é mesmo esse, não existe nenhuma alma capaz de por uma cruz por cima desta incógnita e acabar com as falsas definições. (...) Eu reconto ...
Era calma, muito simples. Existia uma enorme força lá dentro, que ninguém mesmo conseguia fazê-la derramar uma lágrima. Era envolvida pelos sorrisos contagiantes dos mais próximos, era capaz de derrotar muros e vencer as mais perigosas batalhas. É esta a verdadeira definição, ou melhor, uma das supostas, saber dizer as coisas no momento certo, saber cativar, saber lutar. Tudo se aprende lá, toda a gente passa por ela. Há quem não a viva da melhor forma, há quem tenha de lutar o triplo só pra conseguir metade dos objectivos de outros que não mexem uma palha. Há quem tenha de sofrer muito só para a viver da melhor forma possível. Mas como lá as coisas são simples, torna-se fácil por vezes dar a volta à situação. O tempo passa,as pessoas saem de lá e passam para a fase seguinte. Não, não estou a caracterizar um jogo de computador. A honestidade, a simplicidade, a transparência e a força desaparecem. Começam a aperceber-se da realidade, do dia-a-dia, dos problemas. Lá se vão os sorrisos contagiantes e a forma de “saber cativar”. Lá se vai a magia, o encanto. Começa a existir permissão para a entrada de outras almas nesse Mundo, novos conhecimentos, novas aptidões, novos sentimentos. Vêm os problemas por tudo e por nada, as crises de choro, as discussões, os conflitos. O tempo continua a passar e isto deixa tudo de existir, passam para a fase seguinte. Calma, eu ainda não cheguei lá, não a posso caracterizar. Mais tarde eu tento, se achar que sou capaz de o fazer. E isto, foi definição de que ?

domingo, 20 de julho de 2008

melancolia .

É uma gélida parte, algo marcante que decidiu ficar dentro deste livro carregado de pó e repleto de momentos . Esta parte persiste, teima em ficar. Não é fácil esquecer, aliás, cada vez é mais difícil. Há ainda um sentimento chamado "saudade" . pode ser um sentimento reconfortante, livrando-se do lado sombrio da melancolia e ficando apenas com o lado bom do que está longe , de quem não está mais aqui ... por outro lado, pode ser o sentimento que mais nos magoa, que mais nos marca.E em toda a nossa vida, este sentimento irá existir. Pode ser bom, cada um faz dele o que quer. Cada pessoa, pode tornar a saudade n'outro sentimento e mais tarde, pode até matá-lo. Vai sempre existir a saudade de certas pessoas, de certas palavras, de certos momentos. Ninguém consegue impedi-la, é algo mais forte que nós, mais forte que tudo. Mesmo que continuemos a negar que ela não existe e que esquecemos o passado, continuamos a mentir, a criar uma ilusão dentro das nossas almas. O melhor, é admitir que se sente saudade. porque é bom, é sinal de que gostamos tanto de sentir outra alma em nós, gostamos tanto dos momentos, que iremos recordar para sempre. O melhor para diminuir as saudades, é aproveitar tudo, até à ultima, até não termos forças para mais, até que perdemos o fôlego e sentimos o coração a bater-nos na cara. E no final, já na despedida, onde às vezes surgem as pequenas lágrimas, um abraço .