sábado, 27 de junho de 2009

desafios&desejos

Desiludo-me com as minhas recordações e, consequentemente, não gosto de relembrá-las.
Deixei-me de contos e ditos, sou muito mais que isso. Tornei-me lutadora e capaz de ultrapassar fortes desafios. No entanto, propuseste-me um complicado, mesmo conhecendo as minhas limitações. Os teus jogos já eu aprendi a jogar e descobri todos os truques para chegar à meta sem necessitar de pontuar em todos os obstáculos. Lido contigo com mais facilidade.
Apercebo-me agora das tuas prioridades e, se eu não faço parte delas, não possuo qualquer motivo para te prender a mim. Por isso deixo-te voar, permito que percorras todos os caminhos que desejas e que descubras todos os locais com que sonhas. Não me desafies para ser a tua sombra, não serei capaz.
Já te joguei demasiadas vezes e, como qualquer outro jogo, os níveis esgotaram-se e eu continuo constantemente a repetir os mesmos níveis, sei-os de cor. Não vamos continuar mais com este jogo aliciante, peço-te. Voa o que tens de voar e não voltes só quanto te apetecer desafiar-me para passar níveis que eu tivera ultrapassado antes. Se voltares, fica e não vás novamente.
Não desejo que te tornes numa simples recordação, não quero deixar de gostar de te recordar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

fernando pessoa

"A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as maneiras (...) A arte, em vez de ter regras como as artes do passado, passa a ter só uma regra - ser a síntese de tudo. Que cada um de nós multiplique a sua personalidade por todas as outras personalidades."

domingo, 21 de junho de 2009

desabafos


Ontem adormeci cansada, com umas terríveis dores de cabeça que abrangiam o meu corpo todo, as tremendas dores que me retiram as forças quando mais preciso delas. Foram poucas as horas de sono, o cansaço desapareceu da mesma forma que voltou, rápido. Ainda é cedo, mas hoje a minha vontade de escrever despertou logo pela manhã.
Sinto um vazio em mim, um vazio que me persegue a cada passo que dou, a cada palavra que pronuncio, a cada movimento que faça. Hoje acordei e, pela primeira vez, pensei. Acordei a pensar, não é algo muito comum, visto que sempre que me levanto da cama só sinto vontade de voltar para lá e dormir mais umas meias horas. Acordei com vontade de pensar, com vontade de organizar as ideias vagas existentes na minha cabeça.
Chego à conclusão que nem sempre o que é melhor para nós é aquilo que nós queremos que seja, que por vezes mais vale guardar o pouco que se tem do que deixar esse pouco perder-se no tempo. A vida é mesmo assim, dá voltas sem nós nos apercebermos do percurso que ela toma nessas mesmas voltas e brinca connosco, pois não somos nós quem a controla, a vida controla-nos a nós. Sinto que cada caminho nosso está traçado e que a nossa vida só nos empurra para andarmos um pouco mais rápido, e não pensa que quanto mais depressa mais devagar e que por vezes é preferível parar, esperar e depois andar novamente. Portanto a vida é traiçoeira em imensos aspectos, mas “É a vida que temos” e óbvio que cada um de nós gosta da sua própria vida. Eu gosto, gosto por ser uma das minhas confidentes. É bom falar com a nossa vida, parece alucinação, mas é verdade. A nossa vida é a única que, independentemente do local em que estamos, das pessoas com quem estamos, não nos abandona. É a única que não nos larga a mão quando tememos o pior, a única que está constantemente ao nosso lado até quando pensamos que estamos sozinhos. E por isso devemos muito à nossa vida, não a devemos culpar pelo que nos sucede porque não é ela a culpada. Quem fica com as culpas em cima somos nós, a vida conduz-nos no nosso percurso mas nós é que temos de tomar atenção às ratoeiras que esse percurso pode ter. Somos obrigados a olhar para o chão com os dois olhos antes que caiamos num buraco e fiquemos lá presos, por muito e muito tempo. (E nesse tempo a nossa vida não nos larga, porque há sempre a esperança de que um dia consigamos sair desse buraco).
Cada buraco é uma lição e cada lição tem a sua matéria, eu ando a estudar cada buraco com muito cuidado para poder ultrapassar os que se atravessarem à minha frente.
Tu fazes parte da matéria estudada, não da que tenho que estudar, e peço desculpa se não te estudei com cuidado. Não culpo o facto de a vida me ter retirado imenso tempo, a vida não tem culpa, quem a tem sou eu. E julgo que já não adianta estudar a matéria relacionada contigo, pois “Há coisas que não valem a pena”.
Sabes, gosto demasiado de ti para te deixar cair num buraco para sempre. A minha consciência iria pesar se lá te deixasse, pois para além de a tua vida te acompanhar, quero que saibas que eu serei a sua sombra e que poderei dar-te a mão em qualquer momento. Tu paraste, pensaste e andaste, mas recomeçaste a andar por outro caminho, enquanto eu continuo a seguir o percurso que já estaria delineado há imenso tempo. Algo me diz que apesar dos caminhos que iremos tomar em todas as nossas decisões, iremos destruir a fita vermelha da meta no mesmo instante. Não sou adepta de acreditar no que sonho, pois os meus sonhos são tão ou mais traiçoeiros que a minha vida e, consequentemente, surgem as desilusões. Compreendo que queiras mudar o teu caminho e que prefiras andar por outro muito mais simples. A complexidade destruiu-nos e cada vez me culpo mais por ser demasiado aliciada pela complicação. Aliás, eu tenho a noção de que destruí o que eu mais amava e que dependia de mim mudar cada acto meu. Dependia de mim colocar o orgulho de parte, dependia de mim dizer a primeira palavra, dependia tanto, mas tanto de mim… Não sou pessoa de arrependimentos, por isso encaro tudo o que fiz com muito carácter. Dou-te imenso valor por me teres feito crescer, por formares a minha personalidade e moldares-me às melhores atitudes. Porque hoje acordei e pensei, acordei, pensei e cresci. Devo-te desculpas, devo-te agradecimentos, mas de que isso adianta? Não mudará as escolhas tomadas.
Hoje sei que não é a nossa vida quem determina a nossa felicidade, somos nós quem tem de agir e não devemos esperar que os outros ajam por nós. Hoje cai uma lágrima, amanhã nasce um novo sorriso, e assim sucessivamente, pois é com cada lágrima que aprendemos a ter cuidado onde colocamos os pés, para não cairmos no mesmo buraco.
Se algum dia os nossos caminhos se cruzarem, eu quero que saibas que estás bem guardado em mim e que o sentimento pode triunfar, basta querermos. Eu já aprendi a lição que este buraco me ensinou e afirmo, sem margem para dúvidas, que não voltarei a cair aqui novamente.


“O que eu quero mesmo é que sejas feliz. Não sei se sabes, talvez não tenhas tido tempo para perceber que para mim sempre foi e será isso o mais importante, mesmo que a vida te leve para outros caminhos e que sem sequer voltes a cruzar-te comigo.(...) E o nosso amor, aquele que o tempo, ou a vida, ou o medo, ou a falta de sorte não deixam construir, está guardado para sempre.(...) Quando quiseres descansar e olhar para dentro, verás que não é assim tão difícil. Como tudo o resto, é só querer. ”
Amo-te

quarta-feira, 17 de junho de 2009




Há coisas que marcam... Outras que matam!

sábado, 13 de junho de 2009

mais ou menos



Pensa menos em ti, mais nos outros, mais por ti e menos pelos outros.

terça-feira, 9 de junho de 2009

acabará o jogo?



“Ficas comigo?”
“- Sempre, pequena.”


Não percebo. Dou mais que mil e uma voltas à minha cabeça e não percebo como conseguiste agir contrariamente ao que afirmaste. Desde pequena que me ensinaram a não mentir e que deveríamos dizer apenas aquilo que achássemos que éramos capazes de realizar. Trata-se de uma questão de moral, simplesmente. Posso eu ter adquirido este valor e tu não, mas já nem a moral se relaciona contigo.
Sabes, depois deste tempo todo não consigo deixar de gostar nem um bocadinho de ti. Julgo que me persegues a cada passo que dou ou a cada acção minha, pois sempre te enquadrei no meu quotidiano. Sempre foste o meu porto de abrigo, onde eu me resguardava quando a chuva caía ou quando os raios solares reflectiam as radiações mais perigosas; sempre te adaptaste a qualquer situação, independentemente do tempo, do local ou da disposição.
Já te caracterizei de todas as maneiras e feitios, sei cada traço teu e da tua personalidade. Conheço as tuas bases, as bases que formaram a pessoa que és. Tanto as conheço que sou capaz de saber quando as tuas bases se estão a desmoronar e tornam-se prejudiciais no teu estilo de vida. Não se trata de críticas, nem tão pouco mais ou menos. Se sempre encaraste as minhas palavras como um conforto, um ajuda, por que razão não pensas isso neste preciso momento? Não sou adepta de tiro ao alvo e não desejo que o meu alvo seja quem eu mais gosto, pois o alvo é aquele quem sofre; sofre sem poder protestar, sem poder manifestar o seu sofrimento. E tu podes, tu podes gritar e dizer o quanto sofres, és livre de expressão. Se calhar até és demasiado livre, as tuas expressões tornaram-se abusadoras, confesso. Tanto se tornaram que se apoderaram de ti e tu nem foste capaz de parar esse abuso! Comigo não há abusos, não há cá confianças com expressões que exageram nos seus termos e sou perspicaz o suficiente para saber quando travar essas expressões.
Já o foste. Já soubeste travá-las. Sofreste uma metamorfose. Por qual motivo não sei. Sei que não mereces sofrer essa metamorfose, e, por isso, tudo o que te disse foi para teu bem. Só abre os olhos quem quer, podes até querer permanecer com eles fechados, quem sofre as consequências até és tu, não sou eu. Ainda me questiono porque dei tanta importância, quando poderia simplesmente concordar com tudo o que pronuncias e não opinar, com a maior parte das pessoas que te rodeiam o fazem.
Não te conheço, não reconheço o local para onde eu ia abrigar-me da chuva, onde eu ia pedir palavras de conforto ou um simples abraço que me acalmava. E tenho pena, tenho muita pena, porque sei que tu no fundo não é isto que desejas, e eu sei que também não é o que desejo: ambos sabemos que a nossa cumplicidade ultrapassa qualquer obstáculo que a vida propõe, não somos é capazes de avançar esse obstáculo a uma velocidade elevada. Sempre fomos bastante aliciados pela complicação e apreciamos as equações matemáticas numa conta da escola primária.
Lembra-te que as promessas são para serem cumpridas, não vale a pena dizê-las só para parecerem bem e deitá-las ao lixo no primeiro caixote do lixo que nos aparece à frente. A vida pode não ser dois dias, mas também não são muitos mais. Se não souberes aproveitar os seus dias da melhor maneira, os teus projectos futuros estarão completamente arruinados. A tua consciência vai pesar quando o sono despertar em ti, e aí não há nada que possas fazer. Eu gosto muito de dormir descansada, já por isso tenho a certa mania de me expressar constantemente. Nada fica por dizer, já conheces o meu lado.
Conheces-me bem demais para saber que nada me é indiferente, que não tenho prazer nenhum em perder as pessoas que me rodeiam, e perder-te a ti seria o cúmulo. Lembra-te que a culpa é sempre partilhada por duas partes, não despejes a tua parte para cima de mim, eu não sou capaz de suportar todos os pesos, torno-me fraca com facilidade.
Passei-te a batata quente e, como apenas existem duas personagens no jogo e eu sou uma delas, não podes dá-la a mais ninguém, e só te livras dela quando a deixares cair ao chão. Mas lembra-te, a partir do momento em que a batata quente sentir o solo, o jogo acaba.

domingo, 7 de junho de 2009

ponto final


E aqui está um ponto final neste capítulo, não retomarei a história novamente.
(se assim se quer, assim se tem, e só se tem o que se quer)


quarta-feira, 3 de junho de 2009

livro da vida


Cada vez mais me desiludo com a minha própria vida; a minha vida que é capaz de atraiçoar os meus desejos, os meus raciocínios e os meus projectos. Consequentemente, me desiludo comigo própria, ora não fosse eu demasiado preocupada com o percurso que a minha vida toma.
Os meus desejos e ambições destroem-se todos os dias em que o sol se põe e a escuridão da noite invade as ruas da cidade, posso eu deduzir que apenas me apetece pensar na vida quando me deito e descanso, quando a minha solidão se torna na minha companhia e a minha escrita toma-se como minha confidente e, sem nunca encontrar resposta para isto, tal só acontece ao fim de cada dia meu. Sendo assim, a reflexão do meu dia passado quando a noite nasce, torna-se na minha maior desilusão. E assim se transforma o meu idealizado quotidiano, visto que raramente acerto nos meus projectos para o dia seguinte.
A minha percepção intelectual, outrora, era capaz de conhecer pela inteligência independentemente dos sentidos; foi reduzindo consoante as minhas vivências e experiências de vida, que se resumiram nos meus maiores desgostos.
Esgotada. A minha vida está esgotada. Não culpo apenas o que me rodeia, os locais que frequento ou as pessoas que me influenciam, mas sim, eu. Eu sou culpada do esgotamento da minha vida, que não soube tomar especial atenção ao seu desenvolvimento. Eu, que não me apercebi que ela estava escasseada de água e que a minha obrigação era regá-la com regularidade, com carinho e transmitir-lhe o melhor de mim. O meu desleixo foi realmente abusador, e daí a minha vida ter decidido trocar-me as voltas e transitou-me para o nível mais complicado do jogo; aquele que nem os mais perspicazes e inteligentes conseguem decifrar. Assim, é impossível acabar o jogo com um nível incompleto – se bem que, se há coisa que não gosto de referir, é que existem coisas impossíveis.
Os raios de sol já trespassam as faixas da minha persiana, é altura de começar um novo dia e tentar concretizar os projectos. Quando a noite nascer, voltarei a contar mais um capítulo do livro que me acompanha diariamente, o livro da vida.