segunda-feira, 29 de novembro de 2010

E assim sou...

"(...) fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância - irmãos siameses que não estão pegados."

Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego

sábado, 27 de novembro de 2010

Para mim...

...sabe bem ser feliz!
"I still put you first and we'll make this thing work.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Não importa, o tempo é nosso"

Descobri que o que mais precisamos aparece quando menos esperamos, que o que nos irá proporcionar os melhores dias das nossas vidas aparece quando tem de aparecer, sem pressas, com uma vontade enorme, ainda que subtil, de embelezar o nosso percurso, seguir os nossos passos e dar-nos a mão em todos os momentos. Descobri que os melhores dias das nossas vidas não têm de ser, obrigatoriamente, repletos de bens que nos transmitem a sensação de poder e excentricidade… que se enganem os que se iludem por estas ideias deformadas de felicidade. Não é que o tenha descoberto agora, apenas lhe passo a dar alguma importância.
Hoje modero a escrita, hoje penso que os travões existem por alguma razão e que nem é mau de todo diminuir a velocidade e acalmar esta onda. Hoje sei que o tempo está do meu lado - apesar de todas as nossas divergências que me fizeram explodir com tanta raiva, apesar de me trocar sempre as voltas e atravessar-se no meu caminho sempre muito senhor do seu nariz – mas hoje fizemos tréguas e cheira-me que por muito tempo. Descubro hoje que com toda esta minha lentidão e tranquilidade, o tempo passou a voar e eu nem sequer me dei ao trabalho de discutir, ora não fossem estes últimos tempos os melhores da minha vida. Pois é, isto de andar acompanhado torna o nosso pequenino tempo rápido mas bastante enriquecido.
Eu não me importo de partilhar o meu tempo contigo, de dividir o meu quadrado de chocolate ou até ficar à porta à espera que a tua vaidade termine, pois sei que logo de seguida te encostarás a mim e me farás rasgar um sorriso daqueles que se me perguntassem o porquê dele eu nem saberia descrever. Sentir é isto: não se importar com o passar do tempo e não conseguir arranjar palavras que transmitam o sentimento. Sentir é isto, somos nós, todos os dias.
Sabes há quantos minutos estou a retratar-me? Melhor dizendo, retratar-nos. Que agora fazes parte de todos os meus retratos e os embelezas com essa tua doce e apaixonada face. Nem eu sei há quanto tempo estou nisto, mas nem me importo, o tempo agora é tão mais nosso.
Eu sou tão mais tua a cada dia que passa e tu és tão mais meu de igual modo e fazes-me gostar de tudo em ti, até mesmo do teu modo mais implicativo que me faz roer as unhas e revirar olhares. Tu, que me ensinaste a usar os travões, fazes-me (re)ver que gostar é conhecer cada detalhe que, à vista desarmada, não teria qualquer importância. Sei que quando entramos num café te diriges ao balcão e pedes um café acompanhado por um copo de água e pagas no acto e só de seguida te vens sentar ao meu lado, que quando nos despedimos dás-me sempre um beijinho na testa, que tens que fechar a janela do quarto se o gato andar à solta e que devoras ferrero rocher exactamente como eu. E qual é a importância de eu saber isto?  Sei que me percebes a cada olhar e que me transmites sinceridade em todos os teus actos. É tão mais fácil gostar quando se conhece detalhadamente e quando se confia e eu a ti, meu Peter Pan, confio-te os meus segredos e o meu lado lunar, dou-te o melhor de mim e sei que recebo todos os dias o melhor de ti. Que se há certeza que sinto agora é que eu precisava de ti há muito tempo e só não sabia quando iria ser o meu, e o teu, dia de sorte. Esta certeza que sinto agora é a de que somos, todos os dias, um só, cobertos por um sentimento que, eu nem sei… Fugiram as palavras. Não importa!

Que os próximos sejam tão bons ou melhores que este! 24*

sábado, 20 de novembro de 2010

No more questions

"We are all looking for answers. In medicine, in life, in everything. Sometimes the answers we were looking for were hiding just below the surface. Other times, we find answers when we didn't realize we were asking a question. Sometimes, the answers can catch us completely by surprise. And sometimes, even when we find the answer we've been looking for, we're still left with a whole helluva lot of questions."

You're the answer I've been looking for.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

you make it real for me


É por estas pequeninas coisas que vale sempre a pena arriscar e ser feliz. "És o melhor que tenho."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Nunca me cansarei

Um dia disseram-me “nunca me cansei de ver as estrelas, porque o mundo nunca se cansou de sonhar”; tanta conformidade entre o pensamento e o seu objecto que estas poucas palavras nos trazem, ora não fossem os sonhos a base da felicidade de cada um. Diga-se, certamente, que esta actividade mental não dirigida nos poderá trazer algumas lembranças ao acordar. Eu digo que sonho muito com aquilo que vivo, pois gosto de conhecer o produto do devaneio, o que está além do alcance da minha mente; a ilusão que, mesmo que não passe disso mesmo, me rasgue um sorriso quando passar pelos grãos de areia que vou coleccionando nesta minha cabeça. Poderá ser ligeiramente utópica esta minha constatação, porém que nenhuma alma caridosa me venha dizer que não gosta de sonhar.
Eu gosto de me imaginar num outro mundo, numa outra dimensão se não aquela em que vivo; um local mais pacifista, justo e decente. Gosto de pensar que poderei chegar a esse mundo, mesmo que as minhas pernas já não tenham força para andar, mesmo que os meus olhos deixem de piscar, mesmo que o meu cérebro já não esteja em condições para pensar, mesmo que os meus pulmões deixem de receber oxigénio, mesmo que o meu sangue deixe de percorrer as minhas veias… mesmo que o meu coração deixe de bater. Gosto quando o meu subconsciente vai mais além e me relembra o que de bom esta vida nos traz.
Há uns tempos ofereceu-me um belo presente encantado cujo seu embrulho me atraiu de imediato. Cuido de tudo o que me dão, desde o mais pequenino detalhe, como forma de agradecimento à minha bela vida que se tem lembrado muito de mim ultimamente. Tu, que cuidas de mim exactamente do mesmo modo, fazes-me ver que esta vida dá muitas voltas e recompensa realmente quem merece; fazes-me ver que as estrelas retribuem o brilho que recebem e que vale a pena esperar pelo dia certo que dará início a uma nova etapa repleta de partilha e felicidade; fazes-me ver que vale sempre a pena colocar medos à parte e arriscar, agarrar o momento e desfrutar; fazes-me ver que o que sinto por ti e tu por mim é tão ou mais bonito que os sonhos, pois melhor que sonhar no que poderá acontecer no dia seguinte, é vivê-lo. E eu hoje vou adormecer a olhar para as estrelas, só para elevar a minha mente mais uma vez até ao mundo encantado que um dia me encontrará e para dormir encostadinha ao mesmo sentimento que vivo todos os dias ao teu lado, pois se são as estrelas que nos iluminam a noite e nos proporcionam estas brilhantes ilusões, então eu só pararei de sonhar no momento em que as estrelas morrerem.

Nunca me cansarei disto, está tudo tão certo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Seis e seis

"Tu olhas para uma pessoa, uma pessoa que sabes que não é uma pessoa qualquer, porque o teu olhar fixa-se nela e quando ela olha para ti e sente o mesmo que tu, sentes que alguma coisa vai acontecer. Não sabes nada ainda, mas intuis, intuis com os teus sentidos, com o teu corpo e às vezes com o teu coração que aquela pessoa pode ter qualquer coisa para te dar, que não sabes o que é, mas sabes que um dia vais descobrir e que esse dia pode ser nesse momento, e é então que tiras os dados do bolso e os lanças para cima da mesa.
Quando nos interessamos por alguém, nunca sabemos no que vai dar. Lançamos os dados como quem os deixa cair quase por acaso e muitas vezes nem queremos saber quanto deram: um e um, dois e quatro, três e três, cinco e dois, é sempre um mistério, porque a sorte também manda na vida, manda mais do que queríamos e menos do que gostávamos, por isso desconfiamos dela sempre que nos é favorável, mas aceitamos as suas traições como a ordem natural das coisas, por mais absurdas que sejam.
Os dados caíram quando levantaste o copo e eu vi no chão seis e seis, vi-te a apanhar os dados e a rir, ouvi a tua voz e quando começámos a conversar, percebi que os dados estavam certos.
Gostamos de tudo um no outro; eu gosto da tua casa, da tua música, da tua forma desligada de olhar para o mundo e a forma como te divertes com tudo o que te rodeia. E tu gostas da minha alegria de viver, do meu sarcasmo cirúrgico, de dizer sempre tudo o que penso, sinto e quero, mesmo quando não estás preparado para me ouvir.
Eu gosto de te conhecer e de te perceber, porque és diferente dos outros homens e tu gostas que eu te entenda melhor do que as todas as mulheres. E gostamos de estar um com o outro; à mesa, em casa, com amigos, sem amigos, com sono, sem sono, mas sempre perto quando estamos perto, mesmo que fiquemos longe quando nos afastamos.
Acredito que todos temos direito a ter sorte e que, quando alguém aparece na nossa vida de repente, ou é porque nos vai fazer bem ou é porque nos pode fazer mal. E eu vi-te com bons olhos desde o primeiro momento, achei que me ias ajudar a limpar a tristeza, que a tua presença quase imperceptível na minha vida seria como um bálsamo, uma música perfeita e harmoniosa, um dia ao sol, ou uma noite em branco, daquelas que nos fazem pensar que a vida está cheia de surpresas boas e que vale mesmo a pena estar vivo, só para as saborear.
Tu foste e és tudo isto, e ainda mais agora (...) Quando lançamos os dados, nunca sabemos no que vai dar; tu podias ser um assassino encapotado e eu uma neurótica disfarçada, mas tivemos sorte, porque somos duas pessoas normais, com coração, e dois ou três princípios que nos fazem estar bem com a vida e com os outros."

Não há nada melhor do que ler coisinhas destas que são exactamente aquilo que pretendemos dizer e, melhor ainda, é senti-las.