segunda-feira, 29 de março de 2010

palavras em actos

“As lágrimas de nada servem, porque é impossível lavar uma alma ferida para sempre, como a daqueles que te amam. E as minhas palavras, que há tanto tempo procuram encontrar no mundo um sentido e uma razão para a existência, rebentam-me nas mãos como bola de sabão e fico aqui sentada, olhando o mar que tanto me inspira, com uma vontade infantil e absurda de o castigar e destruir, descobrindo o ralo do mundo e por ele escoar toda a água que te levou. Ser escritor é só isto: tocar em quem não conhece com uma varinha de condão, mesmo sem ser fada milagreira. Sou mais parecida com a Oriana, a quem cortaram as asas para que soubesse o quanto custa pisar as pedras do mundo. Espero e desejo que as palavras que aqui te deixo, com o olhar enevoado por tudo o que te escrevo, sejam uma das muitas formas de te dizer que aqueles que te amam nunca te esquecem. O mundo será sempre dos mais fortes, dos que lutam, dos que salvam os outros e que, com a sua grandeza, ajudam a construir um mundo melhor.

Se os actos fossem tão justos quanto às palavras que os correspondem, realmente este mundo seria bem melhor. As palavras servem para afugentar mágoas, enterrar passados, esquecer dúvidas e libertar almas. Serve para nos apimentar nesta aventura da escrita que é, de facto, uma forma de conhecermos um novo mundo, uma nova forma de pensar, uma maneira de conhecer a nossa mente e libertar o nosso espírito. As palavras ditas, por vezes, de nada servem. São cruéis, frias e injustas. Mas sabe bem usar as palavras, seja o modo em como as usamos. Vamos escondendo um bocadinho de nós, um bocadinho do que sentimos para não sentirmos falta, porque os actos, esses, são bem mais difíceis de realizar. O que custa mandar uma palavra da boca para fora? Nada, absolutamente nada. Manipulamos como quisermos as nossas letras e as nossas transcrições de pensamentos porque esses, os pensamentos, não os podem alterar.
Um dia gostava de ser a dona das palavras do Mundo. Metamorfoseava os pensamentos em palavras, as palavras em sentimentos e os sentimentos em actos. Talvez assim me tornasse numa das mais fortes que lutam, que salvam os outros e ajudasse a construir um mundo melhor.

quinta-feira, 25 de março de 2010

letra a letra

"Por vezes a minha dor é esmagadora, e embora compreenda que nunca mais nos voltaremos a ver, há uma parte de mim que quer agarrar-se a ti para sempre. Seria mais fácil para mim fazer isso porque amar outra pessoa pode diminuir as recordações que tenho de ti. No entanto, este é o paradoxo: Embora sinta muitíssimo a tua falta, é por tua causa que não temo o futuro. Porque foste capaz de te apaixonar por mim, deste-me esperança, meu querido. Ensinaste-me que é possível seguir em frente com as nossas vidas, por mais terrível que tenha sido a nossa dor. E à tua maneira, fizeste-me acreditar que o verdadeiro amor não pode ser negado."

Agradeço-te, meu doce.

quarta-feira, 17 de março de 2010

carta

“Eu também tenho medo, mas não digo nada. Gosto de sorrir para a vida e pensar que tudo vai correr bem, mesmo quando os dias me trocam as voltas e chego à noite estoirada a casa, sem encontrar sentido às coisas.”

Um dia escrevo-te uma carta. Não daquelas cartas banais repletas de lamechices e sentimentos devaneios. Uma carta a falar-te de mim, de ti e de nós. Qualquer dia começo a escreve-la, mas vai demorar. Talvez demore mais do que aquilo que eu espero, visto que escrevo e reescrevo sempre tudo com medo de falhar em algum pormenor. Sim, eu tenho medos, por muito que diga que não os tenho. Mas sinto-os. Sinto-os todos os dias comigo e parece que se tornam mais persistentes naqueles dias em que a cabeça não pára de andar à roda e, sinceramente, não sei de onde provém estes medos nem ao certo o que eles querem mim. Um dia conto-te os meus medos, assim muito bem detalhados, quando o teu tempo e o meu não forem escassos, quando possamos desfruta-lo bem sem que nos escape por entre os dedos. As palavras que te escreverei, essas, nem eu as conheço mas sabes, meu doce, nós aprendemos com o tempo e vai ser o tempo que me dirá exactamente que vocábulos deverei utilizar, que expressões deverei referir e que sentimentos deverei expressar. Tens um bocadinho de mim e eu tenho um bocadinho de ti e tu, sabes tão bem quanto eu o quanto apreciamos este bocadinho meio ‘nosso’. Um dia detalhar-te-ei a ternura que guardo por ti, se conseguir. Se não conseguir eu tento, já por isso é que demorarei dias a escrever-te uma carta.
Um dia destes, vamos tomar um cafezinho, aproveitar o tempo que o tempo nos proporciona e mandar umas gargalhadas para o ar com a nossa história. (sim, porque nós temos uma bela história para contar…)

domingo, 14 de março de 2010

fria

Sinto-me cansada, sinto-me exausta, sinto-me fria… ou melhor, não me sinto. Não sinto o que digo nem faço o que sinto, não sinto as pernas, as mãos… não sinto a escrita. Esta vida cansa-me.

segunda-feira, 1 de março de 2010

vou esquecer-me de me lembrar

Peço desculpa mas não deixo de te recordar. És mais forte do que eu, ganhaste-me. Derrotaste-me da pior das maneiras, da maneira mais fria que poderia haver quando eu, estando no meu auge, me julgava livre das tuas palavras e da tua presença e agora…deparo-me a escrever-te. Certo é que enquanto escrevo, liberto-te de mim, tiro-te aos bocadinhos deste local que já não te pertence há uns tempos. Mas anseio o dia em que o teu toque não me arrepie, em que o teu abraço não me faça falta e em que a tua doce palavra não me venha à memória. Agora penso, será que eu quero mesmo sentir-te falta ou preferirei guardar-te aqui, limitando-me a saborear-te de vez em quando? Fazes-me lembrar os chocolates ou os caramelos naquelas tardes em que desejo terrivelmente e perco-me quando os tenho em mãos. Tu verás, um dia, vou esquecer-me de me lembrar de ti…