sábado, 30 de janeiro de 2010

pedacinhos de alma

É muito difícil saber-se gostar. Não digo gostar no sentido básico da palavra porque esse gostar é manuseado frequentemente por esta sociedade. O gostar de saber o que se tem, de confiar no que se tem e agarrar-se ao que se tem. É muito fácil deixarmo-nos levar pelos desejos e prazeres que nos consomem quando o momento proporciona a tal, o difícil é saber agarrar esses momentos por muito e muito tempo. O que bonito num dia é, torna-se completamente distorcido quando uma barreira se atravessa à nossa frente. É tão, mas tão fácil falar e jurar eternos sentimentos, é tão fácil dizer que se quer e que se gosta… e gostar, é fácil? E quando não se tem o que se gosta, será fácil como transparecemos sê-lo? Tudo isto seria mais fácil se todos nós soubéssemos agarrar o sentimento que nos persegue, assim só mais um bocadinho do que aquilo que agarramos. Talvez assim soubéssemos o que é gostar, porque só assim se sofre. E só se sofre pelo que se quer. Só sentimos o nosso coração apertado quando ele não está preenchido. Só acordamos com aquela sensação que falta uma parte de nós quando sofremos exactamente por esse motivo. Por isso as palavras são tão banais quanto os actos, por mais justos e sinceros que sejam. Porque o sentimento, esse, fala mais alto do que qualquer vocábulo proferido. Diria mais, as palavras e os actos só são justos quando correspondem ao fiel sentimento.

(Quando as certezas nos faltam, mais vale não querer demasiado o que não se tem. Vais vale pousar a cabeça na almofada, fechar os olhos, ouvir uma boa musica até que o sono nos consuma a alma. Pode ser que no dia seguinte tenhamos certeza quando repararmos se nos falta ou não algum pedacinho de alma. Se faltar, já não é tão fácil gostar como dizemos…)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

free spirit

É tão bom sentir-me assim. É tão bom quando nos fazem sentir assim.

sábado, 23 de janeiro de 2010

deixa o tempo falar

Posso afirmar que és das melhores pessoas que me conhece, mas tenho que confessar que te faltou descobrir mais do que aquilo que pensas. Faltou-te explorar, talvez, os meus pontos mais obscuros onde ninguém lá chegou. E não basta saber-se o que se sabe.
Talvez saibas que foste o grande amor da minha vida, ou talvez não. Talvez conheças todos os meus particulares desejos, ou talvez não. Nunca saberás exactamente o bichinho que entrou dentro de mim quando tu entraste na minha vida. É um facto e contra factos não há argumentos. Há muita coisa que nunca soubeste, nem nunca saberás. Talvez o nosso tempo fosse demasiado escasso, ou talvez tenha sido mal aproveitado em certas ocasiões. Isso, nem eu sei pois o tempo nunca me deu tempo suficiente para decifrar essa incógnita. Há pequenos detalhes que nos passam ao lado, que são como aqueles papéis insignificantes que calcamos todos os dias sem darmos conta. Olhamos demasiado e nunca nos damos ao trabalho de observar e reparar, cuidar dos pormenores e rectificar as impurezas, pois achamos sempre que é desnecessário. E se o nosso acto mais insignificante por aquele que provavelmente destruirá o nosso maior desejo?
A verdade está ao nosso alcance e oportunidades todos temos, o difícil é saber mantê-las.
Talvez não tenhamos tempo suficiente para descobrirmos que há coisas que não conhecemos, porque há coisas que não sabemos. E esse tempo que nos foi roubado, talvez volte só para esclarecer o que desapareceu no nevoeiro. Como que antepassados que voltam só para contar a historinha de novo. Aí, escuta com atenção, por favor.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

torna-te alguém

Doce, meu doce. Pus-me a pensar na tua vida.
Onde andas? Farto-me de te procurar, todos os dias e não apareces. Publiquei no último jornal uma fotografia tua com o meu contacto e nem uma chamada recebida. Que andas a fazer da tua vida? Aposto que continuas a frequentar aqueles locais bizarros onde o vosso alimento é o pó branco que trocais por entre vossos segredos – segredos que na realidade já não o são. Esqueceste-te que sempre fui a mulher da tua vida, que te conheço da ponta dos cabelos à ponta dos pés, passando pelas tuas características psicológicas profundamente sabidas na ponta da língua e acabando no descrever detalhado do teu quotidiano. Por isso, ninguém melhor que eu para saber o sitio para onde vais mal me viras as costas ou então que sentimentos vagueiam pela tua alma nas nossas trocas de olhares, sem usufruirmos de vocábulos que expressem estas mesmas emoções. Onde anda a tua doçura e as tuas delicadas palavras? Perdes-te por caminhos obscuros, segues os passos de quem não deves e todos os dias, sem excepção aos feriados e fins-de-semana, vais destruindo um pouco de ti. Vais acabar cedo, quem te avisa teu amigo é. E julgo eu que não quererás substituir a vida da Terra pela vida de lá cima – se bem que há muito que poderia mudar cá em baixo. Caso acabes lá em cima, espero que te levem por um trajecto profundamente azul e pacífico, não escolhas o terrível e o encarnado futuro que esse, aí, só piorará aquilo em que te tornaste agora.
Não te vejo, mas como vês sei o que fazes, sei por onde andas. Sei porque sinto-o. E eu sinto tudo muito à flor da pele e não preciso de almas penosas que me venham relatar a vida daqueles que mais me são próximos só porque os viram na rua na noite do fim-de-semana passado, assim como não houve ninguém que me contasse os teus recentes mafiosos actos.
A vida está a chamar por ti, não a coloques de lado porque vida só há uma; acabas com esta e nenhuma mais te irá ressuscitar. Meu doce, volta para o teu bom coração, larga esses maus vícios. Queres mais provas do que as minhas de que os vícios são fáceis de se largar? É como tudo na vida, basta querer. Por isso agarra a vida e larga o que não lhe pertence, larga o que não lhe faz parte para a sua sobrevivência. Purifica-te. Torna-te num exemplo para a nossa sociedade, de que não é tão difícil fugir ao negro que se atravessa à nossa frente do que parece. Como em tudo na vida, é só querer.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

saber pensar ou pensar no saber?


É estranho pensar e saber. Não é saber sobre o que sei, sobre o que me rodeia… é o saber da realidade do meu passado que, assim de vez em quando, fala mais alto quando o quero por de parte. É estranho conhecê-lo tão bem e ter tantas certezas sobre as recordações nesta altura do campeonato. Eu, que nunca fui pessoa de saber ao certo o que me esperava – pois era a única incerteza da minha vida, a de que permaneceria ou fugiria e nunca mais voltaria – e desta vez é estranho pensar e saber ao certo o que o futuro me aguarda. Certo é que o futuro é uma incógnita, que não há dono nem poder que acerte inevitavelmente no seguinte quando o prevê. Nem eu gostava de o fazer, perderia o sabor da vitória, da graça, do contentamento e da surpresa. Bom ou mau, o inesperado transparece sempre o melhor. Se for bom, deixa-nos radiantes e realizados. Se for mau, é preciso pensar que o tempo cura o pior e que a força existe para alguma coisa!
Não sou pessoa de dar importância a estas coisas, mas que é estranho, é. Um saber bizarro, um pensar desconhecido e uma certeza inconfundível.
É triste largar assim, não é?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

larga as laranjas

“Pega no telefone e liga-lhe, não tens nada a perder. Diz-lhe que tens saudades dele, que ninguém te faz tão feliz, que os teus dias são secos, frio e áridos, como um deserto imenso, sem oásis nem miragens, sempre que não estão juntos. (…) e não podes ter medo, porque o medo é o maior inimigo do amor. Cada vez que deixares o medo entrar-te nas tuas veias, ele vai gelar-te o sangue e paralisar-te os nervos. (…) A vida é tua, tens de ser tu a vivê-la, não podes deixar que ela passe por ti, tu é que passas por ela. E quando todas as laranjas caírem, apanha-as com cuidado, guarda-as num cesto e muda de profissão. Leva-as para casa e faz um bolo de saudades para esquecer a mágoa. E nunca deixes de sonhar que, um dia, vais encontrar alguém mais próximo e mais generoso, que te ensine a ser feliz, mesmo com todas as pedras se encontrarem no caminho. Larga as laranjas e muda de vida. A vida vai mudar contigo.

A má sorte calha a todos. E eu não me baseio em frases feitas que referem que “sorte ao jogo, azar ao amor” ou vice-versa pois somos nós que decidimos a sorte que queremos ter no que nos aparece à frente.
A vida é como plantar laranjas: só plantas o que queres e só colhes o que te convém, adicionas os complementos que achares mais indicados e deitas fora o que não presta. Eu já me cansei de plantar laranjas em sítios que não devia mas em algum local terei de voltar a plantar, não tenciono guardar as sementes para mim. Mas sabes, o que me custa é saber que alguém plantou uma laranja no mesmo local que eu e que agora, elas não são capazes de dar mais frutos nem largar a raiz. Portanto vamos lá largar as laranjas e mudar de vida para a vida mudar connosco. Quiçá, um dia, poderemos plantar outro fruto se não aquele que nos motivou a ser cultivado. Ou então, quem sabe se um dia as laranjas largam a raiz e morrem lá, nas suas terras. Até lá, aproveita enquanto as duas estão no mesmo sitio, há sempre algo a ganhar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

pequenos devaneios

No outro dia perguntaram-me como é que eu consigo agir tão naturalmente quando algo se atravessa à minha frente. E mais, como é que eu nunca consigo guardar ódio por alguém que me feriu. É simples. Guardo sempre muito respeito por quem deixou marcas na minha vida. E por muito que aconteça, não consigo largar essa consideração e esse apreço que sinto pelas mesmas. Está em mim e eu, em tudo o que faço na minha vida, não deixo de transparecer a minha personalidade e o meu carisma. Não consigo deixar de ser eu mesma em tudo o que faço. Sinto-me mal quando sei que a pessoa que melhor me conhece – ou é uma das – passa por mim e nem um olhar, nem um sorriso, nem uma palavra surja. Somos novos, temos mais com que nos preocupar do que com zangas absurdas de uma adolescência complexa, porque todos nós temos a mania de a tornar como tal.
Aliás, se todas as pessoas guardassem respeito por cada pessoa que já tiveram conhecido, o Mundo seria bem melhor. Ou estarei errada?

sábado, 2 de janeiro de 2010

irmã da vida


Por muitas vezes que eu diga que não existem palavras que definam amizades ou completem sentimentos, não as consigo abandonar porque tornam-se nas minhas fieis companheiras e senhoras dos meus desabafos. E usufruo delas à minha maneira, seja da forma mais objectiva possível ou criando uma leitura obrigatória das entrelinhas. Ou então ofereço-as a alguém, como os presentes de Natal que contam a intenção e boa vontade de os dar, eu embrulho os meus segredos com aquele papel da confiança que sinto por ti e entrego-te, mão a mão, para que, quando as doze badaladas da noite soarem e precisares de algo que te suporte a alma, possas abraçar o presente que te dou como que um pilar da casa que construímos dia após dia.
A vida dá muitas voltas. E a verdade é que em cada volta que ela dá, aparecem novas pessoas, novos mundos e novos ambientes e nós adaptamo-nos a tudo o que nos aparece à frente pois é a lei da vida, aceitar tudo aquilo que a vida nos proporciona. Pelo meio de todas as novas caras que se apresentam, há as habituais, as que em todas as voltas da vida se agarram a nós. E a essas, a quem nunca vira costas, nunca nos deixa no meio da rua sozinhos, nunca falha uma promessa ou compromisso, nunca deixa de falar independentemente das más situações que se passaram, devemos sempre o nosso mais grato apoio, a nossa confiança e a nossa promessa de, não para sempre, mas sim sempre que possível, estar lado a lado, partilhar o que de bom temos e apagar as mágoas sentidas. E é um orgulho, para mim, ter-te como a minha mais fiel aliança.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

lá pro dia 31 de Dezembro...


Cada vez me considero mais estranha. Não gosto nada do último dia do ano, tremo por todos os lados quando penso no que devo fazer especialmente no último dia do ano. Não sei se devo recordar momentos, condecorar pessoas, agradecer aos fiéis ou (re)voltar aos que partiram. Nunca sei o que devo fazer e é a altura em que me sinto mais insegura, que me sinto sem certezas – e as certezas raramente me falham!
Ainda ontem o meu irmão mais velho, o sabidolas da família lá por ser trintão, me perguntou onde eu ia na passagem de ano, com quem ia estar e se voltei a falar com quem não devia. As palavras escaparam-me para lhe responder, fugiram-me como a manteiga que escapa por entre os dedos. Eu até gosto da noite de passagem de ano, divirto-me imenso mas… o dia, o dia intriga-me! Até quero ver como vai ser o meu próximo dia 31 de Dezembro, se vou passar o dia a resmungar com tudo o que me aparece à frente porque nada me agrada ou se vou estar consoladinha em frente à lareira a aquecer os pés e a celebrar o ano que vivi. Espero para ver!