terça-feira, 6 de janeiro de 2009

meu querido quotidiano



Cinco horas de sono e muito mal dormidas, como habitual. Tornou-se na minha rotina, a minha mais difícil rotina. Dorme, não dorme, dorme, não dorme… Já o ponteiro coincidia com o pequeno traço das 7horas do dia quando a alvorada cá em casa despertava. O meu ninho quente e acolhedor chamava cada vez mais por mim, mas a obrigação falava mais alto. A constante procura de alguma vestimenta calorosa e confortável regressou – veste camisola, tira camisola, veste calças, tira calças, veste casaco, tira casaco - e óbvio que o sapato alto não pode faltar – a combinar sempre com o meu traje. O café já esfriava de tantos minutos ali parado e aproximava-se a hora do despacho de todos cá de casa; que correria! Café tomado, roupa vestida, luvas nas mãos, carteira ao ombro e, porta fora! A minha cara já gelava e a habitual batida de dente não poderia falhar. Com a pressa nem sequer me maquilhei nem penteei, julgo não me lembrar de estar naquele estado tão deslavada; mas, para te ser sincera, já nem importância tem. Na verdade, não será a minha cara bonita e os meus longos cabelos loiros bem penteados que me irão fazer ganhar o dia; o aspecto físico não deveria ser a base do bem parecer… mas é, oh! Custa escrever, as mãos permanecem gélidas e a falta de vontade do trabalho árduo da manhã habita em mim. Nem sinto a caneta nos meus dedos, nem tão pouco me apetece por o cérebro a funcionar; ando demasiado preguiçosa. Quando o relógio já batia as doze badaladas, é altura de descansar, ouvir uma boa música e… o mesmo pensamento de sempre, o inevitável. Já nem maneira há de disfarçar, que tédio! A minha maior tortura e o maior motivo pelo qual os pensamentos positivos mudaram de sentidos e as suas orientações desencontraram-se; o motivo que leva ao arder dos olhos num acordar às 4horas da manhã e a falta de vontade de sorrir quando a melhor das piadas é lançada ao ar; o mau humor matinal – matinal, tardal, tudo! (até à invenção de novas palavras, vê lá tu…) O tempo não pára e com isto tudo chega novamente a hora do trabalho. Agora sim, agora voltou a concentração que tanto faltou no mês anterior e os meus objectivos e prioridades tornaram-se, novamente, bem definidos. Afectas-me, melhor, afectas-me pouco agora. Agora é altura de pagar por me teres afectado demasiado até, altura de levar nas orelhas pelos actos realizados de forma indesejada há uns tempos atrás. Digamos que consigo lidar melhor com o facto de me afectares, visto que o meu esforço e a minha garra voltaram mas tu não foste embora... (não te preocupes, julgo que tão cedo não vás). Hoje recordei-me de ti - para não variar – como deu para reparar. Não há dia nem noite sem a tua presença, já me habituei, meu querido quotidiano.

4 comentários:

AF disse...

um quotidiano (:

Inês disse...

Hoje recordei-me de ti - para não variar – como deu para reparar. Não há dia nem noite sem a tua presença, já me habituei, meu querido quotidiano.



Por muito que o dito trabalho te de a volta a cabeça e nele ganhes concentração para nao te focares noutra coisa acabas sempre por cair na tentação de te recordares como tudo era tão bonito antes de acabar! Antes, nao sentirias as mãos geladas tinhas sempre o tal aquecedor junto a ti e era isso que em parte te fazia sorrir.
Podes não acreditar mas este texto fez com que me lembrasse da maneira como era o teu sorriso e como é agora, apenas por um acto de simpatia o mostravas.
Quero as gargalhadas mil vezes soltas se tornem num presente que fiquei, mas que fique para sempre
Tal como quero as gargalhadas quero tudo o resto que te fazia bem, tanto como por dentro como por fora.
Vou permanecer sempre a teu lado (L)

Diogo Silva disse...

Ora eu não vou citar nada porque de fabuloso o texto tem tudo! Adoro ca vir ler os teus textos. escrita, leve, sentida, e toca...toca muito =0)

qel disse...

não te deixes moldar ao quotidiano se ele não te fizer bem.
Adorei cada linha q escreveste.
Um beijinho (: *