quinta-feira, 3 de setembro de 2009

fundos descobertos


Hoje dói-me a alma. Dói-me tudo. Este sofrimento é mais forte que o sentimento que outrora existira em mim. Já tenho saudades de escrever… não, minto! Tenho saudades de te escrever. Sinto falta daquelas cartas de amor com palavras retiradas bem do fundo do meu coração, aquelas palavras que só tu tiveste o prazer de as ouvir; porque na realidade foste tu quem as descobriu. Tu foste quem – sem pedir licença nem dar justificações – entraste silenciosamente dentro do meu coraçãozinho de ouro e escavaste bem fundo, procurando o melhor refúgio para habitares. Diz-se que o auge de cada alma prevalece bem no fundo dela, e tu, com essas tremendas garras, apoderaste-te desse meu fundo e achaste o que outrora se ignorava, o que se desconhecia, o que esteve oculto durante tempos e tempos. Sempre te avisei para teres cuidado com o local que escolherias para viver, mas nunca me deste ouvidos. Sabes, não basta querer chegar ao fundo, é necessário muito esforço para lá permanecer. Quem ama guarda esse sentimento com muito afago e trata dele, rega-o todas as manhãs e oferece-lhe o beijinho de bons sonhos todas as noites. Sempre acreditei que cuidar do amor é como cuidar de uma criança: é preciso saber prendê-lo pela nossa mão para termos a certeza que ele não nos escapa por entre os dedos. E quem não cuida da planta do amor que floresceu dentro de si é porque não sabe realmente o que é amar. Todos nós somos portadores dessa bela planta, porém é preciso muito mais do que apenas possuí-la. E cada um de nós planta uma nova semente no coração de outrem, cujo objectivo – suponho eu – é fazer com que o sentimento entre nós e essa pessoa prevaleça firme. Nunca fui muito boa nisto das suposições, é demasiado relativo e vago para a minha consciência, por isso não me admiraria nada que esta minha suposição estivesse errada. Não se escolhe o local onde plantamos a semente, é certo; mas podemos escolher o tempo que essa semente poderá lá ficar. Devias ter tido mais cuidado com o tempo que juraste que esta semente ia permanecer em mim. Deixaste que ela criasse aqui as suas raízes e deu origem a uma nova planta, que agora não és tu quem a rega – e eu nem me dou a esse trabalho. Somos todos demasiado impulsivos. Regemo-nos pelas juras de amor eterno e acreditamos que os nossos desejos serão sempre concretizados pela pessoa que cuida da planta do nosso coração. Esqueceste-te de algo que era nosso, e que não necessitaria de ser apenas meu. Tu, para além de te esqueceres que deixaste uma semente plantada em mim, esqueceste-te que possuías a minha semente plantada dentro de ti. Tão rápido esqueceste que eu, neste momento, até duvido se quiseste realmente criar este doce sentimento, ou se preferias apenas ter uns momentos de diversão. Até duvido se algum dia desejaste habitar neste meu fundo que sonhavas descobrir…

4 comentários:

Jmorgado18 disse...

Já me diziam desde à muito tempo: Conquistar é apenas o primeiro passo. O difícil vem a seguir.

Bom texto, parabéns *

Marilena R. disse...

está tao bonito +.+

André Sá disse...

E sempre vais duvidar! A dúvida permanece, na maioria das vezes, para sempre... Tens de aprender a viver com ela e a usar o que ela tem de bom. Experiência, maturidade. =)

O texto está lindíssimo, escusado seria dizer =D

Beijinho*

jumper disse...

Está mesmo giro o texto,

beijinho*