quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escuridão

O seu dia jamais foi o mesmo. Debruçou-se no parapeito da janela observando o horizonte ao longe, sentindo a brisa despenteando-lhes os seus sedosos cabelos e respirando lentamente. Encostou a sua cabeça ao vidro escutando o som do seu local que na verdade… era um profundo silêncio. As suas mãos tremiam, o seu corpo fraquejava e o seu olhar tornara-se mais tristonho à medida que observavam o que se deparava em seu redor. A sua cidade jamais apresentara o mesmo brilho, a mesma alegria e as mesmas cores. O silêncio incomodara-lhe e o vazio fazia-se sentir na sua alma. A sua música não soava à mesma melodia e cada palavra que a constituía era uma lágrima que derramava pelo seu rosto.
A sua vida jamais foi a mesma a partir do diferente dia se deparou diante dele. E a sua alma, essa que em águas passadas era preenchida pelo brilho, pela alegria e pela cor de outrem, tornou-se negra, inalcançável e dotada de alguma desilusão. Entretanto a noite nasce e ele debruça-se no parapeito à espera de encontrar o seu brilho numa estrela se não aquela que lhe roubou o seu próprio brilho.