quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Não importa, o tempo é nosso"

Descobri que o que mais precisamos aparece quando menos esperamos, que o que nos irá proporcionar os melhores dias das nossas vidas aparece quando tem de aparecer, sem pressas, com uma vontade enorme, ainda que subtil, de embelezar o nosso percurso, seguir os nossos passos e dar-nos a mão em todos os momentos. Descobri que os melhores dias das nossas vidas não têm de ser, obrigatoriamente, repletos de bens que nos transmitem a sensação de poder e excentricidade… que se enganem os que se iludem por estas ideias deformadas de felicidade. Não é que o tenha descoberto agora, apenas lhe passo a dar alguma importância.
Hoje modero a escrita, hoje penso que os travões existem por alguma razão e que nem é mau de todo diminuir a velocidade e acalmar esta onda. Hoje sei que o tempo está do meu lado - apesar de todas as nossas divergências que me fizeram explodir com tanta raiva, apesar de me trocar sempre as voltas e atravessar-se no meu caminho sempre muito senhor do seu nariz – mas hoje fizemos tréguas e cheira-me que por muito tempo. Descubro hoje que com toda esta minha lentidão e tranquilidade, o tempo passou a voar e eu nem sequer me dei ao trabalho de discutir, ora não fossem estes últimos tempos os melhores da minha vida. Pois é, isto de andar acompanhado torna o nosso pequenino tempo rápido mas bastante enriquecido.
Eu não me importo de partilhar o meu tempo contigo, de dividir o meu quadrado de chocolate ou até ficar à porta à espera que a tua vaidade termine, pois sei que logo de seguida te encostarás a mim e me farás rasgar um sorriso daqueles que se me perguntassem o porquê dele eu nem saberia descrever. Sentir é isto: não se importar com o passar do tempo e não conseguir arranjar palavras que transmitam o sentimento. Sentir é isto, somos nós, todos os dias.
Sabes há quantos minutos estou a retratar-me? Melhor dizendo, retratar-nos. Que agora fazes parte de todos os meus retratos e os embelezas com essa tua doce e apaixonada face. Nem eu sei há quanto tempo estou nisto, mas nem me importo, o tempo agora é tão mais nosso.
Eu sou tão mais tua a cada dia que passa e tu és tão mais meu de igual modo e fazes-me gostar de tudo em ti, até mesmo do teu modo mais implicativo que me faz roer as unhas e revirar olhares. Tu, que me ensinaste a usar os travões, fazes-me (re)ver que gostar é conhecer cada detalhe que, à vista desarmada, não teria qualquer importância. Sei que quando entramos num café te diriges ao balcão e pedes um café acompanhado por um copo de água e pagas no acto e só de seguida te vens sentar ao meu lado, que quando nos despedimos dás-me sempre um beijinho na testa, que tens que fechar a janela do quarto se o gato andar à solta e que devoras ferrero rocher exactamente como eu. E qual é a importância de eu saber isto?  Sei que me percebes a cada olhar e que me transmites sinceridade em todos os teus actos. É tão mais fácil gostar quando se conhece detalhadamente e quando se confia e eu a ti, meu Peter Pan, confio-te os meus segredos e o meu lado lunar, dou-te o melhor de mim e sei que recebo todos os dias o melhor de ti. Que se há certeza que sinto agora é que eu precisava de ti há muito tempo e só não sabia quando iria ser o meu, e o teu, dia de sorte. Esta certeza que sinto agora é a de que somos, todos os dias, um só, cobertos por um sentimento que, eu nem sei… Fugiram as palavras. Não importa!

Que os próximos sejam tão bons ou melhores que este! 24*

1 comentário:

Raquel M. disse...

Como eu te percebo :D

Lindo!