segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

torna-te alguém

Doce, meu doce. Pus-me a pensar na tua vida.
Onde andas? Farto-me de te procurar, todos os dias e não apareces. Publiquei no último jornal uma fotografia tua com o meu contacto e nem uma chamada recebida. Que andas a fazer da tua vida? Aposto que continuas a frequentar aqueles locais bizarros onde o vosso alimento é o pó branco que trocais por entre vossos segredos – segredos que na realidade já não o são. Esqueceste-te que sempre fui a mulher da tua vida, que te conheço da ponta dos cabelos à ponta dos pés, passando pelas tuas características psicológicas profundamente sabidas na ponta da língua e acabando no descrever detalhado do teu quotidiano. Por isso, ninguém melhor que eu para saber o sitio para onde vais mal me viras as costas ou então que sentimentos vagueiam pela tua alma nas nossas trocas de olhares, sem usufruirmos de vocábulos que expressem estas mesmas emoções. Onde anda a tua doçura e as tuas delicadas palavras? Perdes-te por caminhos obscuros, segues os passos de quem não deves e todos os dias, sem excepção aos feriados e fins-de-semana, vais destruindo um pouco de ti. Vais acabar cedo, quem te avisa teu amigo é. E julgo eu que não quererás substituir a vida da Terra pela vida de lá cima – se bem que há muito que poderia mudar cá em baixo. Caso acabes lá em cima, espero que te levem por um trajecto profundamente azul e pacífico, não escolhas o terrível e o encarnado futuro que esse, aí, só piorará aquilo em que te tornaste agora.
Não te vejo, mas como vês sei o que fazes, sei por onde andas. Sei porque sinto-o. E eu sinto tudo muito à flor da pele e não preciso de almas penosas que me venham relatar a vida daqueles que mais me são próximos só porque os viram na rua na noite do fim-de-semana passado, assim como não houve ninguém que me contasse os teus recentes mafiosos actos.
A vida está a chamar por ti, não a coloques de lado porque vida só há uma; acabas com esta e nenhuma mais te irá ressuscitar. Meu doce, volta para o teu bom coração, larga esses maus vícios. Queres mais provas do que as minhas de que os vícios são fáceis de se largar? É como tudo na vida, basta querer. Por isso agarra a vida e larga o que não lhe pertence, larga o que não lhe faz parte para a sua sobrevivência. Purifica-te. Torna-te num exemplo para a nossa sociedade, de que não é tão difícil fugir ao negro que se atravessa à nossa frente do que parece. Como em tudo na vida, é só querer.

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